Vergílio Ferreira na sua obra intitulada Aparição fala sobre o processo de mastigação das palavras: explica que quando repetimos uma palavras várias vezes ela acaba por perder o sentido – mas quem dita qual o significado de cada palavrinha?
Ouvimos falar de cultura ao longo da nossa vida como sendo algo exterior a nós e que se limita aos eruditos (o que quer que isso seja), que a cultura é um campo de flores brancas onde nos sentamos a fazer piqueniques e a ouvir música clássica. No final, estamos tão preocupados em fingir saber tudo, em ser um dos eruditos, que nos esquecemos de ouvir os outros ou de refletir sobre o que dizem.
Enquanto departamento recusamos falar em cultura no singular – falamos em culturas enquanto processo criativo coletivo contínuo, em que estão envolvidos todos os grupos de uma determinada sociedade. Não procuramos ditar o que é ou não cultura, mas criar um diálogo entre alunos, professores e núcleos, de dentro e de fora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, sobre qual a sua experiência cultural, no meio de tantas outras. Este é um diálogo sem respostas erradas e perguntas parvas, para o qual convidamos todos aqueles que a ele se queiram juntar.
Noa Brighenti
Vogal do Cultural e Núcleos Autónomos
cultural@aafdl.pt